HERANÇA VIPERINA
Inspirado no poema Carnaval, alegoria do gênesis,
do poeta Herculano de Alencar
Se a serpente criou a mulher
Segundo interpretação do poeta,
Então meu pensamento se completa,
Só não compreende quem não quiser.
De onde vem a sinuosidade,
E esta natureza sibilina,
Tão presente na alma feminina,
Que sempre nos anula a vontade?
Com aquele olhar hipnotizante,
Herdado da víbora rastejante,
Ela nos paralisa corpo e mente.
No cabresto, como besta domada,
A fera selvagem domesticada
A tudo obedece e nem sente.
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Carnaval, alegoria do gênesis
E toda natureza se inclina
Perante a criatura mais perfeita,
que senta junto a Deus (à pá direita)
e busca saber mais do que ensina.
O homem, criatura ora eleita
para acalmar as sanhas divinais,
recria o paraíso e algo mais
e dá, pra Jeová, nova receita:
Eva, na via sacra das orgias,
a desfilar, carnais alegorias,
por sob o céu inube de Adão.
E das arquibancadas, emergentes
agitam-se milhares de serpentes
atrás da sua própria criação.
Herculano Alencar