Turris eburnea
Pelos portais de minha torre de marfim
Homens, mulheres, velhos, moços vêm e vão;
Eunucos intelectuais em procissão,
Com o intuito de bajularem a mim.
Num tatibitate incôngruo e sem fim
Saúdam-me com beijos, apertam minha mão,
Elogiam-me isto e aquilo – e se vão,
Felizes por terem visto o “Gênio”, enfim.
“Ossos do ofício…!”, suspiro resignado,
Refém das quimeras que enchem-me a mente
E em meio a livros e lauréis aprisionado.
Quem me dera se por Deus, piedosamente,
Fosse meu gênio em seu acmé sufocado
E nada mais eu escrevesse novamente…!