Mais um poema de amor
Já fiz tantos poemas de amor,
Que já nem sei se tenho inspiração.
Mas quando a pena treme em minha mão,
Me incendeiam ondas de calor.
Um verso me acompanha aonde for,
E outro dá adeus a toda hora.
Enquanto aquele ri, o outro chora,
Ainda que eu expresse a mesma dor.
Já fiz amor em versos num soneto!
Mas nunca mais farei, eu vos prometo,
E posso até jurar, se for preciso.
Este, que ora ecrevo, é na verdade
Um poema d'amor, que o fim da tarde
Usou a minha pena de improviso.