SONETO DISSIMULADO
o que digo não é meu
não me ponho para que me apontem
repito o que me atiça a ideia
regurgito o que engoli anteontem
não assino nem confirmo
apenas deixo que permaneça no ar
como um gás que sutilmente contamina
tornando um risco o ato de respirar
falo grego para gregos
e quando entre padres
rezo o terço que me é estranho
falo russo para o espelho
e, crente da minha inocência
me dispo para o banho