Pedro, meu neto
Até ontem, cria eu viver só de lembrança
De olhar pra trás, de lembrar de antigamente
Até ontem, me via não ser solo nem semente
Não ter por que sorrir, sonhar sem esperança
Mas hoje, eis que existe uma criança
Que acredito ser de Deus o meu presente
Tão sagaz, cativante e inteligente
Que parece ter de anjo a semelhança
Tão menino, tão pequeno e sabe um tanto
De tudo brinca, de massinha a jô-quem-pô
E se cansa, vem me em busca de acalanto
Bem desperto, fala como um camelô
Reinventa histórias e causa espanto
E sempre a perguntar: né vovô, né vovô?