Ao Inquilino da Casa do Poema

(Para Herculano de Alencar, pelo seu

poema A CASA VAZIA)

Papai do céu um dia te castiga,

Ao te ver chorar de barriga cheia,

Ao te ver zombar da pobreza alheia,

Levanta o polegar, faz uma figa.

Pois isso não é coisa que se diga,

Quando tens inspiração a mancheia,

Na mente, no sangue, corre na veia,

Namora contigo, mais que amiga.

Mas se queres fazer a coisa certa,

Deixa que fique esta janela aberta

E reparte conosco o que te sobra.

Será como chuva em nosso jardim.

Vai fazer brotar rosas e jasmim,

E trazer mais frescor pra nossa obra.

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A Casa Vazia

A casa do poema está vazia!

O mato escondeu-lhe a fachada!

Uma janela triste, desbotada ...

se abre para a luz da luz do dia.

Por ela foi-se embora a poesia,

deixando letras mortas pelo chão,

sonetos que perderam emoção,

canções em dissonante melodia...

Um velho gato cego que vigia

a flor que resistiu inda botão,

insinua chorar, enquanto mia

pra espantar, de si, a solidão.

Na casa do poema, eu não sabia,

somente a poesia foi-se em vão.

Herculano Alencar

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 09/02/2022
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