Queridos pais
Walter S. Barbosa
Queridos pai e mãe, hoje é que sinto
O devedor extremo que lhes sou,
Perdidos ambos nesse labirinto
De vida e morte em que também me vou.
De suas mãos, o amor indistinto
Que a cada filho todo se entregou,
Corta meu peito desse amor faminto,
Cobra-me a alma pelo que não dou!
Quiçá um dia eu possa compensá-los
Dos sacrifícios, de tantos regalos,
Que recebi com pouca gratidão!
Carinhos tantos sem merecimento
Que, no entanto, tomo como alento
Para levar-me à iluminação!