TRILHA DE SONETOS LV - RITMO HEROICO COM TRIO DE PALAVRAS: "INGENUIDADE", "INDIFERENÇA(S)" e "INCAUTO(S)"
*CONSPIRAÇÃO*
Vê-se uma sombra vil, rasteira e lenta,
que oculta a percepção da realidade...
Algo de estranho ronda a humanidade
e a sua indiferença me atormenta.
Não sei dizer se é estrita ingenuidade
ou se é descaso, ou gente desatenta
que se faz ostensiva e barulhenta
aos casos vãos e cega-se à verdade...
Qual vezo a macular alguns incautos,
que faz de pecadores vis, arautos
da concepção moral que move o mundo.
Que sejam conjecturas de um poeta,
caso contrário o mundo se projeta
premeditadamente ao caos profundo!
Edy Soares
*CETICISMO*
Relembro os dias fartos de inocência,
de indiferença e tanta ingenuidade.
Vivia sem pudores e à vontade,
pensava ter a voz da sapiência.
Acalentava um sonho: ter idade
para romper a infância e adolescência,
mas era incauto, simples, sem ciência
dos males de um adulto, em liberdade.
E agora, sendo um homem, penso e cismo:
melhor seria a crença de um infante
que ser versado e imerso em ceticismo,
pois sinto toda a dor do mundo em mim
e nada tenho além de um verso errante
e nada espero além de um triste fim!
Geisa Alves
*MUNDO SENTENCIADO*
Sentenciado, o mundo inteiro, chora,
A indiferença avança, sanguinária,
Sufoca o peito, em dose tal, diária,
Levando o amor, do ser humano, embora!
Por ingenuidade, assaz precária,
O povo se acomoda, e a qualquer hora
Por ato involuntário, em vil penhora
Entrega a sua vida sedentária!
Obumbram nuvens negras, pesarosas,
Sentimentais, virais, pecaminosas...
No reboliço arrasta o ser incauto!
Porém, no afã da pura poesia,
Revive-se o melhor do dia a dia;
Na rima, o canto novo o meu arauto!
Aila Brito
*DA AMIZADE*
O verdadeiro laço de amizade
É a conquista eterna e aventureira:
Sempre protege em plena tempestade,
Nunca abandona em hora derradeira!
Brilha o fanal no Mar da Ingenuidade
Quando a verdade impera por inteira,
A indiferença e a velha soledade
Não vencerão a Chama Verdadeira!
Pobres incautos... tristes, solitários...
Clamam, sofridos, pelos Solidários,
Por um resgate amigo e divinal.
Eis a cartilha em versos amistosos,
Feito um broquel com laivos luminosos,
Para ensinar o amor original!
Ricardo Camacho
*PROEZAS DO TEMPO…*
Se o tempo suga a vida e nos maltrata,
vestindo a fantasia de um vilão,
por certo, tal papel de escravocrata
pertence ao lado sombra, escuridão…
No seu teatro, o tempo — bom didata —
a todos traz surpresa em tom bordão:
se tinge meu cabelo todo prata,
amplia, em muitas cores, a visão…
Com nossa ingenuidade, se barganha,
propõe experiência em seu lugar.
(A indiferença fica para o incauto).
O tempo, qual subida na montanha,
aos poucos, faz o fôlego assolar,
mas nos permite olhar o solo do alto!
Elvira Drummond
*A PAZ E O RANCOR*
Recanto recheado de descrença
Padece e representa a dor presente;
Atentos, vemos muita indiferença
Que estando ali, a fé se faz carente.
Começo a perceber constantemente,
Serena ingenuidade e desavença
E vejo aparecer em minha mente,
Rancor, palavra em plena renascença.
Parceiro dos incautos numa paz,
Resquício de um amor sem harmonia,
Desnuda ao bem querer, a dama audaz...
Talvez o próprio, em fútil fantasia,
Suprima algum discurso mais
loquaz,
E torne a tênue paz em fantasia.
Plácido Amaral
*CORDEIRINHOS*
Qual o valor medido pela crença
a qual promete a infinda santidade?
Em quanto importa toda a caridade
se alimentada pela indiferença?
O templo mostra toda a realidade
do mentiroso ardil da recompensa,
que a multidão levanta a mão e pensa:
não ofertar é pura ingenuidade.
Quem sabe um dia pelos monastérios
desnudaremos todos os mistérios
dos falsos pregadores: os arautos
que pregam para o mundo paciência
com os ladrões da frágil consciência
nas vestes que disfarçam os incautos?
Adilson Costa
*O ESPELHO*
Diante deste espelho, que copia,
noto que a ingenuidade está perdida...
Somente flui o pranto e a nostalgia,
neste reflexo atroz que encurta a vida.
Procuro o rosto onusto de alegria,
mas só escorre a lágrima atrevida.
Insisto, encaro e cobro o que queria:
tola atitude estúpida e suicida!
Espelho incauto, frio e deprimente,
poupe a verdade, abrande a indiferença,
deixe de expor a rígida sentença!
Não sugue o meu passado eternamente,
vamos fingir que o tempo nunca passa,
que a vida não se evade igual fumaça...
Janete Sales Dany
*SORRISOS PERDIDOS*
Crivado de beleza, o céu luzente
aguça o desatino e, incauto, sigo
sem refletir acerca do perigo
que é mergulhar no sonho renitente.
Meu coração, atônito, pressente
o toque abrasador do amor antigo,
aquela exultação, o doce abrigo,
ao palmilhar estrelas ternamente.
Se for ingenuidade, aceito o preço
de relembrar sorrisos, desfaleço
no sedutor abraço da saudade.
A tua indiferença fere tanto,
mas quando a noite chega aqui levanto
um pedestal à minha insanidade.
Jerson Brito
*AS CAUSAS*
Meu sonho incauto foi a ingenuidade!
De quem jamais perdeu as esperanças,
Em elevar o bem, fazer mudanças,
Plantando amor e paz na humanidade.
Podemos nos doar à caridade,
Assim incentivar as lideranças;
Que busquem sensatez e, falas mansas,
Amenizando a dor, a crueldade.
Utópico talvez, falar assim,
Sem ter indiferença, brado, enfim,
Cantando o lindo sonho que sonhei.
Pois quem na vida não sonhar com isso
Viveu, mas não viveu... e foi omisso...
Por causas justas muito já lutei.
Douglas Alfonso
*EXISTO, LOGO PENSO*
Embevecido, olhando no horizonte,
O ledo abraço dado pelo céu
No verde mar, envolto pelo véu,
De cor azul, entendo ser a fonte...
Do que observei; embora alguém me conte:
Lendas e histórias sobre o meu troféu
O qual defendo e, agora, feito réu,
Resisto e enxergo louros sobre a fronte.
Deixo aos incautos minha indiferença,
Pois todos têm direito à própria crença,
Se a natureza do homem for hermética
E conduzida pela ingenuidade.
Belezas naturais e divindade
Destoam nas noções da dialética.
José Rodrigues Filho
*A INDIFERENÇA*
Alastra-se no mundo a indiferença,
Um fruto que não vem da ingenuidade,
Que tanto prejudica a humanidade,
De forma, nestes tempos, mais intensa.
Alastra-se no mundo qual doença,
Um fruto da total insanidade,
No incauto, uma voraz comorbidade,
Contagiosa como ninguém pensa.
Esposa do desprezo, descarada,
Em pobres e sofridos corações
Craveja a sua lâmina gelada.
Olhemos para a dor do ser humano,
Livremo-nos da teia de omissões
E ajamos como o "bom samaritano"!
Luciano Dídimo