Pôr do sol (reedição)
O mar se oferece ao sol ardente
no seu leito, inda frio, de amante,
numa explosão de luz exuberante,
que gruda, qual decalque, em minha mente.
O sol despudorado, rubro e quente,
aquece um indolente pensamento,
e deita o seu furor, por um momento,
nas nuvens de algodão do céu poente.
E dá-se então o beijo sol e mar,
que diz pra Deus que hora de dormir,
pois até Deus também tem que sonhar.
E, por detrás do véu da noite, a lua
dá-se ao sol inteira, nua e crua,
e enche os céus com raios de luar.