Desolações
O mar assoma, voraz lhe puxa a lua
Tomba a flora do Atlântico combalida
Expondo morta uma raiz enegrecida
Que imbele vai-se pela água sua
Desce a lua e desfaz-se a noite crua
Afunda a raiz, espedaça-se esquecida
Raia o sol em veste colorida
Não consegue vê-la pela água nua
Assoma o mar, desfaz-se meus sonhos
Perpassa o vento num rugir medonho
Falando-me d'um passado de ilusão
Assoma o mar, e eu a caminhar tristonho
No perpassar dolente do mar sem sonhos
Que mecânico ecoa a desolação
X
Procura o sol uma raiz oculta.