Vamos falar de saudade?
Saudade, palavrinha encantada
Que se soletra, quase duma vez,
Como quem lê o verso, que se fez
Antes da poesia ser notada.
Saudade, palavrinha condenada
Por quem não tem por quem sentir saudade:
Aquele que não sente mais vontade
De caminhar de novo a mesma estrada.
Saudade, palavrinha impertinente
Que finge não doer, mas dói na gente,
Como fosse um aperto de carinho.
Saudade, palavrinha sem palavra
Que alguém sepultou na minha lavra,
E nunca mais cruzou o meu caminho.