Fiz mil sonetos

Fiz mil sonetos, como quem espalha,

Em garrafas, mensagens no oceano,

Sou náufrago do Mar do Desengano,

Buscando uma esperança que me valha.

Ninguém me leu, talvez... a sorte é falha.

Ou o destino é o mais cruel tirano;

Tudo que amei não me passou de engano,

Já nem a fé divina me agasalha.

Via o sol nascer em cada dia,

E a teimosa esperança renascia

Na interminável busca do meu norte.

A noite, apenas, me trazia a calma,

Quando levava a passear minha alma

Nas asas do meu sonho, irmão da morte.

02/02/56