Jesus
Jesus, meu velho e bom Samaritano
Que fizeram contigo? Estás tão triste...
Já sei, buscas o bem que não existe
No incompreensível coração humano.
Agora que voltaste aqui, resiste!
Suporta ocultamente o desengano
De ver o vasto mundo tão profano,
Bem mais do que antes de morrer tu viste.
Toma cuidado! Não te mostres tanto!
Há assassinos, por aí, à solta,
Com revólver e faca, sob o manto.
Ante a tua tristeza, eu me comovo.
Eu que sou bom dou-te um conselho: volta
Porque aqui te matarão de novo!
Porto Alegre, 1952