O PASSARINHO

O coração definha e a sangradura

aumenta quando encontro teus sinais

na solidão do quarto que jamais

imaginei carente de quentura.

A sensatez me cerca, impõe censura

e, enquanto fujo destes tribunais,

sucumbo ao sonho, às queixas infernais

e venço a indecisão que me tortura.

Repleto dos vestígios de um romance,

o cobertor me serve e, entontecido,

entrego à intrepidez o passarinho.

Tua fragrância deixa ao meu alcance

aquele mundo agora reduzido

a vendavais que passam neste ninho.