Coração-poeta
Este seu coração, velho de guerra,
que sacode avexado, sem descanso...
já foi bruto e cruel, agora é manso
como a luz do luar ao pé da serra.
Já não morre de amores pela terra
ou paixão pela alma mais amada.
Calejou-o, coitado, a longa estrada
das paixões e amores que ele encerra.
Esta bomba pulsante e musculosa,
carne quente e vermelha, cor-de-rosa,
que se contrai no peito, à revelia.
Hoje verte seu sangue, a bel-prazer,
nas entranhas sombrias do seu ser
como um rio num mar de poesia.