De volta ao cais
Por entre os cochichos dos casais,
O tango se evola de paixão!
Um trago de cigarro, solto em vão,
Faz o bandonéon tossir seus ais!
Um bêbado encosta no balcão
E pede uma garrafa de carinho.
Um outro, que também bebe sozinho,
Afoga a sua dor na solidão.
O tango veste as roupas da tristeza,
E sai, a mendigar, de mesa em mesa,
Um trago de amor e nada mais.
Eu pego, então, o lápis, o papel...
Converso dois segundos com Gardel,
E nado, em um soneto, até o cais.