RESSABIADO
E quando amado fui neguei o fato,
Em nada confiando além do medo...
Abrir o coração, qualquer segredo,
O pouco do restante substrato.
Pela conta o desprezo, o desacato
O que faria - amor - no desenredo
De uma vida finda desde cedo,
Uma vontade pronta pro distrato?
Das tormentas, tristezas, o vexame
Das paixões, dos desejos, dos pudores
Nada devo que espere, que reclame...
Nego que minhas vísceras e dores
Alimentem abutres em enxame
Da carência egoísta e dos amores.