Soneto de revelação
Renegastes-me, ó insano amor, deveras
E a tudo o quanto acreditei amar um dia
Negastes-me tudo mais que ainda podia
Matando, em mim, as últimas quimeras
Deixastes-me só consciente destas feras
Que rasgam-me por dentro a carne fria
Zombastes da minha ingênua idolatria
Fingindo-se o bom amigo que não eras...
Chegastes como um anjo, doutras eras
Lançado, tal qual a cálida estrela luzidia
E abristes em meu peito estas crateras.
Ferindo-me com as palavras tão severas
Sabendo o quanto a chaga já me ardia...
Revelou-me as tuas faces mais austeras.
Adriribeiro/@adri.poesias