Cego dos olhos
Cego dos olhos, olha, com a alma,
o seu mundo a rodar feito peão!
E sente acarinhar, no coração,
a mão que, generosa, lhe acalma.
A dor, incontinente, bate palma
pro verso que seduz o sofrimento,
e voa, pelas as asas do lamento,
por onde já não voa uma vivalma.
E lá se vai, com ela, o Assum Preto
a beliscar os versos dum soneto,
por sob "a mata em flor no sol de abril"...
E embora cego, o velho Assum Preto
é capaz de pousar sobre um graveto
e cantar seu cantar primaveril.