PLANO ARRISCADO

Noite. Era baixo o muro do vizinho.

O desejo venceu toda prudência.

Calculou o prazer e a consequência.

Galgou o muro em busca de carinho.

No outro lado assobiou baixinho,

Sentou e esperou com paciência,

Até que o venceu a sonolência.

Malograra a expectativa que tinha.

Engendrara tudo com tanto zelo,

Ao final sobraram só pesadelos,

Tão reais que até hoje não esquece.

Teria sido uma bela aventura,

Tão carregada de medo e ternura,

Como só a juventude conhece.

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Deixo aqui, para o deleite dos leitores, o belíssimo soneto do amigo

Solano Brum, que aborda tema semelhante.

NAMORADA

Solano Brum

Eu fiz de contas... Pensei que amava

E meu amor, transcendia limitações!

Sobre o muro, enamorado, espiava...

Via flores em quaisquer das estações!

Um dia, acordei em meio as tentações...

O corpo, frágil, imberbe, demonstrava

Sem que percebesse - inovações

Que, pelo pudor, pouco se comentava!

Obedecendo - àquela época - a libido,

Por muito tempo, olhei o lado proibido,

Sem jamais lhe revelar minha paixão!

Por tanto olhar, já me sentia o dono

De quem, a noite, a burlar meu sono,

Levava-me aos deleites da fascinação!

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 25/12/2021
Reeditado em 25/12/2021
Código do texto: T7414852
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