PLANO ARRISCADO
Noite. Era baixo o muro do vizinho.
O desejo venceu toda prudência.
Calculou o prazer e a consequência.
Galgou o muro em busca de carinho.
No outro lado assobiou baixinho,
Sentou e esperou com paciência,
Até que o venceu a sonolência.
Malograra a expectativa que tinha.
Engendrara tudo com tanto zelo,
Ao final sobraram só pesadelos,
Tão reais que até hoje não esquece.
Teria sido uma bela aventura,
Tão carregada de medo e ternura,
Como só a juventude conhece.
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Deixo aqui, para o deleite dos leitores, o belíssimo soneto do amigo
Solano Brum, que aborda tema semelhante.
NAMORADA
Solano Brum
Eu fiz de contas... Pensei que amava
E meu amor, transcendia limitações!
Sobre o muro, enamorado, espiava...
Via flores em quaisquer das estações!
Um dia, acordei em meio as tentações...
O corpo, frágil, imberbe, demonstrava
Sem que percebesse - inovações
Que, pelo pudor, pouco se comentava!
Obedecendo - àquela época - a libido,
Por muito tempo, olhei o lado proibido,
Sem jamais lhe revelar minha paixão!
Por tanto olhar, já me sentia o dono
De quem, a noite, a burlar meu sono,
Levava-me aos deleites da fascinação!