REFLEXO

Quando no espelho os olhos da caveira

Miram o rosto morto apodrecido

A solidão vazando face à beira

Supurações do sonho não vivido.

Tendo a lembrança, força derradeira,

O amor, cadáver podre embebido,

Na saudade - a diária companheira -

Desfaz-se lento um corpo ressequido.

Quando a náusea é toda uma existência

De dor mantendo o elo com o mundo

Aos poucos toma a trágica aparência

Daquilo que se sente mais profundo

Incômodo retrato em resistência

De monstro, anomalia, moribundo

Renan Ivanildo
Enviado por Renan Ivanildo em 17/12/2021
Reeditado em 22/12/2021
Código do texto: T7409507
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