REFLEXO
Quando no espelho os olhos da caveira
Miram o rosto morto apodrecido,
A solidão vazando face à beira
Supurações do sonho não vivido.
Tendo a lembrança, força derradeira,
O amor, cadáver podre embebido,
Na saudade - a diária companheira -
Desfaz-se lento um corpo ressequido.
Quando a náusea é toda uma existência
De dor mantendo o elo com o mundo
Aos poucos toma a trágica aparência
Daquilo que se sente mais profundo...
Incômodo retrato em resistência
De monstro, anomalia, moribundo