CINZAS SUBMERSAS
“Ao Espírito de Saramago”
À sombra de uma pacata oliveira
Descansam as cinzas de Saramago
De cujo espírito vivo – qual orago –
Emerge a sua memória companheira.
Ali submersa, num testemunho vago
Disposto à laia de alma passageira,
Pende a distinta e clara sementeira
Do húmus fértil à espera de um afago.
Sob os pés de pacatos viandantes,
Guiados pela brisa do fresco Tejo,
Palpita ali num sonho e num desejo
O coração desperto de seus amantes.
À frente de um Palácio encantado,
Onde a Cultura vive e se desdobra,
Muitos são os leitores e rica a Obra
Da humanista herança de Saramago…
Dormem lá, sob o brilho das estrelas
Na terra que, com amor, lhe pertencia
Numa poética raíz de harmonia,
As cinzas do Autor, fiéis e submersas!
Frassino Machado
In “Os Filhos da Esperança”