CINZAS SUBMERSAS

“Ao Espírito de Saramago”

À sombra de uma pacata oliveira

Descansam as cinzas de Saramago

De cujo espírito vivo – qual orago –

Emerge a sua memória companheira.

Ali submersa, num testemunho vago

Disposto à laia de alma passageira,

Pende a distinta e clara sementeira

Do húmus fértil à espera de um afago.

Sob os pés de pacatos viandantes,

Guiados pela brisa do fresco Tejo,

Palpita ali num sonho e num desejo

O coração desperto de seus amantes.

À frente de um Palácio encantado,

Onde a Cultura vive e se desdobra,

Muitos são os leitores e rica a Obra

Da humanista herança de Saramago…

Dormem lá, sob o brilho das estrelas

Na terra que, com amor, lhe pertencia

Numa poética raíz de harmonia,

As cinzas do Autor, fiéis e submersas!

Frassino Machado

In “Os Filhos da Esperança”

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 16/12/2021
Reeditado em 16/12/2021
Código do texto: T7408433
Classificação de conteúdo: seguro