O último pouso
Voa sobre o horizonte uma ave invisível
Não pousa, seu voo é deveras incessante
Observa a tudo e a todos a todo instante
Suas asas pesadas tornam o voo sofrível
Tensa de conceber o eterno inconcebível
Voa solitária em seu destino inconstante
Sente o vento como uma voz sussurrante
Mas o silvo agudo não é compreensível
Olho aqui de baixo aquela ave tão tenaz
Pergunto-me como será que ela é capaz
Voar bravia, sem descanso nem repouso
Desde a última vez que estivemos em paz
Há tanto tempo, eu não me lembro mais
Perdeu-se na memória o seu último pouso