SONETO DA VELHICE
coisa de velho
contar os dias que restam como conchas do mar
guardadas como tesouro numa lata velha de biscoitos
sendo que a mais recente é sempre a mais feia
contar os dias que passaram como botões de roupa
guardados como troféus numa caixa velha de charutos
sendo que os últimos já não traziam brilhos
nem forro de tecido combinando com os sapatos
contar e contar na esperança
de que a soma seja menor que a existência
já que não há mais o que subtrair
estou velho
conto os anos dentro de mim
me tornei uma lata velha de biscoitos