Sonata VII

I

Vinde a mim, Musa, amiga dos poetas

E com louros pintai a minha testa...

Tenho a alma aberta a novos versos:

O pouco que me resta.

II

Porém até vós, venho implorar

Pelo destino a que a vida me impôs

Um só verso que faça desatar

O elo que ficou entre nós dois.

Não, ó Musa, não quero me afastar

De vós; eu tão só quero que depois

Do tilintar das taças ao jantar

Viajemos por luzes de arrebóis.

Se vós partirdes, as graças irão

E eu ficarei perdido como Arão

Aguardando pela morte no deserto.

Porém, tão logo fecho minha porta,

Outra esperança mais viva que morta,

Oh! Vem me receber de braço aberto.

III

A casa não é nobre, mas vos cabe

E vos darei repouso nesta noite...

Deixai que a chuva lá fora caia

E o vento num açoite.

IV

E vós chegastes, musa, em hora boa

Que ironia atroz traz nosso destino!

Agora há pouco estava em desatino...

E meia noite já! O sino ecoa...

Novo dia começa... que o sol roa

Que me fez toda a noite um ser menino...

Correndo sempre contra o vento fino,

Sempre atrás da mesma presa, à toa.

O sol nascer veremos da varanda

E a brisa traz o cheiro de lavanda

Das flores aromáticas do prado...

Os pássaros passeiam, outros cantam...

Ficai entre as belezas que encantam...

Até que fores nun cavalo alado.

Rogério Freitas
Enviado por Rogério Freitas em 13/12/2021
Código do texto: T7406257
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