O vinho do Orfeu
Até que enfim o vinho adormeceu
A verve do poeta, e a poesia
Bebeu bem muito mais do que podia,
E menos, muito menos, do que eu.
Saiu, de braços dados com Orfeu,
Atrás de um tal Vinícios de Morais,
Por todo o oceano, até o cais
Do porto, em que o dia amanheceu.
E eu, que bebo vinho todo dia,
Não sei se o tal Vinícius não sabia
Quem foi Orfeu, "Orfeu da Conceição".
Mas sei que o vinho tinto, certamente,
Mexeu nalgum lugar da minha mente,
Até me embriagar a inspiração.