Uma outra janela
A janela do quarto do vizinho
Tem ciúme da minha? Eu não sei!
Vive trancafiada, como o rei
Que, por medo da luz, vive sozinho.
A janela do rei e a do vizinho,
Só abrem uma vez a cada ano.
Provavelmente, salvo algum engano,
Quando a dor chega ao meio do caminho.
Por que será que eles têm janela,
Se vivem dos ofícios da tramela,
A privar a visão do firmamento?
Não sei, honestamente, a resposta.
Mas sei que uma janela está disposta
A deixar entar luz, calor e vento.