Pedestal

Altaneiro, contempla o horizonte sobre o trono de cristal

Reina sobre cinzas do teu Império de sangue e poeira

Mil farpas o rasgam cada vez que assenta esta cadeira

Aceitou de bom grado a realeza, mas esqueceu o pedestal

Demasiados elogios o tornaram jactancioso e monumental

Em seu íntimo, guardava e aguardava a falha primeira

Que sabia ele, havia sido tantas desde aquela derradeira

Toda a tua essência terrena suplanta o que é transcendental

Agora, cativo e escravo de suas aparentes e frágeis virtudes

Cambaleia entre o que achava da vida e as reais vicissitudes

Tropeça entre a auto imagem e a projeção que lhe é imposta

Destronado de si, apunhalado por suas e apenas suas atitudes

Reflexo imperfeito, desorientado em labirintos e desvirtudes

Grita dentro si, o vácuo não responde onde não há resposta