Soneto de Aniversário
Esvai-se a vida no pulsar do dia,
despetalando o roseiral vermelho.
Enquanto cai o entardecer no espelho
pendem as rosas na neblina fria.
Faz-se silêncio no jardim que esfria
e cai a neve no fugaz folhelho,
mas rubras flores, que em elã, semelho,
fazem-se abrir, em magistral poesia.
Passam os dias, anoitecem anos,
declina o viço dos anseios primos
em remoinhos outonais, risonhos.
Mas os desejos, por demais insanos,
devem viver, com robustez, nos imos,
pois finda a vida se fenecem sonhos!
Do amigo Jacó Filho:
Embora vá com mais luz,
A vida sai da matéria,
Para sua casa etérea,
Onde anjos a conduz...
Da amiga Vera Mascarenhas:
A vida nos entremeios
sobrevive num apelo louco
ela pode sorrir com pouco
mas isso depende da vida que a contenta
e essa voz se arrebenta
no patamar das paredes sólidas
que insólida não pode ser lamacenta