ERRARE HUMANUM EST
(Interação ao poema Confissão de um literatoide,
do poeta Herculano Almeida)
ERRARE HUMANUM EST
Destes erros não seja possessivo,
O Português, de todos é algoz.
Vou confessar, só aqui entre nós,
Que errar, é sinal de que está vivo.
Eu, pra errar, só quero um motivo,
Vou soletrar até perder a voz.
Uma zoeira quando estou a sós,
Trocando verbo por adjetivo,
E os dois “esses” por um cê-cedilha.
Nos papéis borrados, fazendo pilha,
Ficam as ideias interrompidas.
O pai-dos-burros é quem sempre ajuda,
Com essa Reforma que tudo muda,
E deixa a poesia maltrapilha.
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Confissão de um literatoide
Estou desaprendendo o Português!
Cada dia que passa erro mais:
Troco as consoantes, as vogais ...
E, do dicionário, estou freguês.
Não sei se acontece com vocês!
Comigo, cada dia erro mais:
Descumpro as funções gramaticais,
Parece até um novo Português.
Não sei o que fazer, já não sei mais!
Parece que a idade dá sinais
De que eu desafino no coreto.
Encarecidamente eu lhes peço:
Perdoem este pobre réu confesso,
Por pôr um estrambote no soneto.