PONTO DE BALA

de verdade me amas

quando me banhas em água de açúcar

e me pões a secar debaixo do astro melífero

que pontualmente ao meio-dia me cristaliza

me deitas ainda morno numa tênue lâmina de luminoso celofane

torcendo as pontas para que eu não fuja

como se ousasse eu desertar

de tuas alquimias aprimoradas ao lume brando de teu coração levedado

tenho certeza de que me amas

quando me estalas crocante

entre teus balzaquianos dentes de leite

atinjo o nirvana

quando feito um reles caramelo derreto passivo sobre tua língua

e escorro pelo canto da boca