Um tom de cinza
Mais uma vez enxergo da janela,
Uma garoa fina, fria e triste,
Que parece dizer que não existe,
Nada além do que a vista me revela:
Uma capa de chuva (amarela),
Que parece, à distância, andar sozinha.
Um sorriso engraçado, da vizinha,
Que parece, à distância, a Cinderela.
Um gari que descansa, ao meio-fio,
Com um saco nas mãos, inda vazio,
E um fardo de folhas ao seu lado.
Um nuvem cizenta que desfia
Nessa garoa fina, triste e fria,
Me diz que o carnaval já é passado.