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Carta
Estendo os braços para ti, amada,
Por muito tempo fui um corifeu
De mulheres. E o mundo só me deu
Uma imagem de coisa indesejada.
O que restou té aqui? O nada!
E logo este meu ser se arrependeu...
Ouve, amada, em um suspiro meu
Todo o gemido de u'a alma abandonada.
Mas meu coração hoje em dia pensa
E o teu; é certo, ele me procura
Para extrair de nós a dor intensa.
E para completar nossa ventura:
Vem a mim com tua razão imensa
Que eu agirei somente com ternura.
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Eu tento me iludir, mas não escrevo,
Há um medo rodando pelo ar;
Se esquece mais que nunca o verbo amar
Sob coisas que não digo, nem transcrevo.
Há em alguma lápide um relevo,
Uma inscrição: "Só à distância amar!",
Propondo brio, mas um amor sem par
Como nos passos rítmicos de um frevo.
E não há mais como escrever um verso:
Ruas desertas, bares... olhos meus
Perdidos, contemplando o universo...
Como a filosofia dos ateus,
Tudo nos fica ainda mais disperso
No arbítrio concedido por meu Deus.