Réquiem
É lícito que existia um sonho de amor,
na nossa reunião de mínguas arfantes,
soprando restos, procurando ainda o calor
das fantasias nunca desvanecidas antes.
é lícito que o que aparentava sedutor,
no hipotético flerte de caminhantes,
acaso fosse fugir do tal vazio opressor
que sorviam nossas ideias ambulantes.
À vista disso, já que tudo que deveria
muito germinar de nós, nem nasceu,
origem estéril que em terra minguaria.
Queixam meus versos, neste soneto meu,
não ao óbito de um amor - que não existia -
mas de um desejo de amor que padeceu...