SONETO - Solidão - 22.10.2021 (PRL)

 

SONETO – Solidão – 22.10.2021 (PRL)

 

Ainda é madrugada aqui no gueto,

Canto dos pássaros ecoa ao vento,  

Não sei qual o mais lindo no coreto,

Todos me tocam triste sentimento...

 

E em cada arranjo, daqui me contento,

Firmado em ramos e mesmo em graveto, 

A saudade me invade, e soa lamento,

São notas suaves tal qual um soneto...

 

A minha amada prossegue dormindo,

Seu sono é leve, não devo acordá-la,

O descanso faz bem ao corpo e à mente...

 

Enquanto eu me detenho e sigo abrindo, 

O poetar que dentro em mim não cala,

Quisera ser, talvez, clarividente.

 

SilvaGusmão

Republicado com alterações.

 

Nota: Gueto foi a palavra mais apropriada que encontrei para dizer do lugar aonde estou morando, qual seja num condomínio fechado, numa cidade do litoral nordestino. A casa é confortável, até piscina tem (afora a do condomínio), todavia, fica num bairro que vem crescendo de maneira promissora, com muitas edificações já enraizadas e o acelerado ritmo de construção de estradas litorâneas, que aumentarão os níveis do turismo dessa cidade, tornando-a uma das principais do nosso país. Mas fica muito distante do centro, não há, sequer, uma padaria, uma bodega para jogar conversa fora. O problema é que aqui não existe calor humano, até porque os proprietários dos imóveis, geralmente pessoas de posses, praticamente só se utilizam de suas casas nos feriados prolongados.

ansilgus
Enviado por ansilgus em 22/11/2021
Reeditado em 24/11/2021
Código do texto: T7391404
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