A dor Florbela Espanca
Insânia tíbia a vincular-se tão cedo,
Lucidez morta n’alma fria e desnuda
Palavra ancestral na tua boca muda
Alastrado por miasmas do degredo.
Tudo é vil nas sombras do segredo
O odor lúgubre do sangue que gruda
No frio da vida densa da sisuda
Olhar indeciso na face o medo.
Uma chama fugaz na íris da consorte
Partindo o gelo d’alma da mentora
Sons, letras e gestos da espectadora.
Praga feral amofina a senhora
Oscila por entre sonhos de morte
No último desespero a dor suporte.