A dor Florbela Espanca

Insânia tíbia a vincular-se tão cedo,

Lucidez morta n’alma fria e desnuda

Palavra ancestral na tua boca muda

Alastrado por miasmas do degredo.

Tudo é vil nas sombras do segredo

O odor lúgubre do sangue que gruda

No frio da vida densa da sisuda

Olhar indeciso na face o medo.

Uma chama fugaz na íris da consorte

Partindo o gelo d’alma da mentora

Sons, letras e gestos da espectadora.

Praga feral amofina a senhora

Oscila por entre sonhos de morte

No último desespero a dor suporte.

HERR DOKTOR
Enviado por HERR DOKTOR em 20/11/2021
Reeditado em 21/11/2021
Código do texto: T7390267
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