Ausência

 

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.

(Ausência, Carlos Drummond de Andrade)

 

 

Partiste! Só, fiquei na casa imensa

e via a tua sombra em toda parte,

ouvia os passos teus e a procurar-te

perdi-me até da fé, da luz da crença.

 

Chorava tal carência, fria e densa...

Cansada de sozinha, enfim, buscar-te,

Senti, na poesia, o baluarte

Do meu viver sem ti – a recompensa.

 

Já não lastimo, não, a tua falta,

Pois vejo-te nas luzes da ribalta,

Na ausência tão presente, em tudo enfim...

 

Estás aconchegado na saudade,

Nos versos que te faço, à puridade,

Partiste sem partir, estás em mim.

 

(Escrito em 15 de novembro de 2.021, publicado no Facebook)

 

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 20/11/2021
Código do texto: T7389975
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