SONETO ENFERMO

minha doença não dói

só se movimenta

como uma dançarina lenta

reprovada pelo Bolshoi

passo a passo se alastra

não quer carne apenas

devora tecidos e safenas

e se agarra à pilastra

não tem nome

nem tem cura

quiçá paliativo

às vezes dorme

como numa trégua obscura

é o que me mantém vivo