MARGINAL

Exatamente aqui, às margens deste mar

Numa noite, cometi um crime sem fiança

Minh'alma bondosa não pôde me salvar

De meu trágico destino - sem esperança;

Há tantas exatas horas em nossa vida

Para sentirmos o remorso desta crueldade

Que não podemos esperar a saída

E, assim, fingirmos, agora, santidade;

Sou eterno prisioneiro do meu ato

Sou eterno prisioneiro da escolha

Que fizera de mim um enclausurado.

Exatamente aqui, às margens deste céu

Pude, então, fazer-me um feliz encarcerado

Daquilo que lhes mostro por baixo deste véu!