TINTO E TÃO RARO...
O que vem de baixo me atinge...
Aliás, o que vem de qualquer direção,
Quando se trata do que a alma finge,
Ao não ouvir o aflito coração.
Seja das folhas jogadas ao vento,
Seja das pedras em meu caminho,
Ou talvez neste exato momento,
O arranhar de qualquer espinho.
Surdo fui ao não ouvir teus olhos,
Tolo fui ao desprezar os instintos,
Ao negar em ti todos os sinais.
Deixei trancados na alma, refolho,
Como quem guarda um vinho antigo,
Tinto e tão raro que não se bebe mais.