GOZO
Pelo que suas mãos praticaram toque,
Outra vez um gozo assim recriminado
Fluiu! Não é, porém, a paga pelo pecado
Que permitirá que o corpo se desloque
A repelir desejo, há muito já assumido,
Que vem ao corpo silenciosamente.
Em grito mudo, ébrio e descontente,
Diante o julgo íntimo e constrangido,
Protesta, avassalador e meticuloso,
O prazer e, em sermão libidinoso,
Deflagra o ácido de sua língua santa.
Encerra-se, por fim, o desejo; o gozo
Recai ao íntimo qual céu numinoso
Como verter licor de prazer à garganta.