Futuro e nostalgia
(A Stephanie Martins)
“Eu morro de saudade e só me nutre
Inda nas tristes, desbotadas veias
O sangue do passado e da esperança!”
(ÁLVARES DE AZEVEDO)
Não fales do futuro a um condenado!
Que interesse nele podes suscitar
Nas quimeras que o Homem vive a imaginar
Quando com o que tem sente-se enfastiado?
Não fales do futuro a um condenado!
Não pode ele qualquer coisa vir a enxergar
Fora a hora em que a Morte haverá de tomar
De sua miserável vida o fardo pesado!
Ó minha amiga! Que tenho lá eu a ver
Com o amanhã? “Amanhã” é só mais um dia
No qual, como ontem e hoje, irei sofrer!
Nas veias corre-me o sangue da Nostalgia
E quero repetir na mente, até morrer,
Os remotos tempos de minha alegria!