REFÚGIO

Refugiei-me ao cume e avistei-a subir

Vendo-a, distante, em período e lugar

E o condão de poder vê-la se avizinhar

Iludiu-me à enigmática visão do sentir.

Minha existência não se pode perceber,

Minha aparência é fadada ao (sub)existir,

Não há sentença que me deixe bipartir

A carne mútua em desejo e bem-querer.

Se destino é obra da pretensa de amar

E o toque é feitio do vislumbre de falar,

Sua presença é o modo senão de cair.

E se o mundo suspendeu-me a lamentar,

Não é porque devo manter-me a esperar

Toque e beijo que me possam revivir?