FERETROR

Há um par de anos, desparelho

E em afeiçoamento circunflexo,

A circunstância de meu reflexo

Paira em teso e ignóbil espelho.

E me inteiro que, no entressonho,

Achega-se-me a remanescência,

Restando-me ao corpo e à ciência

Desassossego senão medonho.

Como se, em recompensa a mim,

Meus olhos sentenciassem ao fim

As retinas que tanto viram horror.

Tornei-me de inferno condecorado

Habitante cujos gritos silenciados

Sufocam no escuro de um feretror.