EPÍLOGO DA VIDA
Faminta, absconsa, imponderada, cega!*
Dos olhos o pavor deveras salta.
Com seu insidioso abraço, a incauta
cumpre impiedosa a nefasta entrega.
À porta, quando a Lua já vai alta,
anuncia o fim de qualquer refrega.
Se o Sol com seu calor ainda rega,
a vil, à luz do dia, o aflito assalta.
Os vermes em solitária exceção,
saúdam-na em pungente comoção!
A mão que alimenta é a mais querida…
Por mais que dela imputem injustiças,
qual fosse uma imagética Suíça,
a Morte iguala todos nessa vida!
(*) Cruz e Souza, in “Ironia de lágrimas”
(**) em interação ao soneto “A morte” de Fernando Belino.