FREGUÊS

Ocorre-lhe que freguês há em espera

A pedir o que lhe é desconhecido

E mal sabe o que mal há escondido

Em gramas a exceder o que prospera.

Nessa lida desprezível de quitanda,

Filosofia de casa levada em bolso,

Imiscui-se o freguês n'um alvoroço

A fim de lhes ceder tenra demanda.

E, como a isto, ainda dá-se em vazio,

Repousa agora em ambiente aluzidio

A guardar-se no hábito de seu desdém.

Coisa-destino de criaturas de bairro

Que, noutro dia inda com mais escárnio,

Chega com mal de olhos, porque convém.