SONETO SEM SENTIDO

falamos de tudo o que se fala

quando sentados num banco de praça

como se, de repente, a vida que passa

parasse para aliviar o peso da mala

falamos pouco de nós dois

pois que graça haveria em dois cidadãos comuns

tão invisíveis aqui quanto em Oslo ou Garanhuns

sem antes nem depois

entre tanto assunto

me fugia à mente teu nome

apesar de jurar que terminava em Porto

conversava eu com um defunto?

não, porque defunto logo que vem, some

e você foi bom ouvinte demais para estar morto