Entre a razão e a paixão
Oh, deus dos corações apaixonados!
Nas suas leis sempre protestei meu viver!
E assim tenho feito. Por isso, não entendo o porquê
De tamanha maldade com esse pobre coitado!
Por que um belo olhar sereno e afeiçoado
Converteu minha via em pleno anoitecer
Deixando-me a amargura de sobreviver
Com o coração em plena loucura mergulhado?
Agora metade de mim é pura paixão;
Olhar sem castidade e desejo sem pudor.
E a outra contempla seu olhar sereno com amor.
E se metade de mim é pura paixão
A outra se equilibra no frágil fio da razão
Com medo de machucar-se no torpor.