QUIMERA EM SONETO
Silva Filho
Valho-me do soneto... nessa fantasia
Erigindo, com letras, o quarto do amor.
Um verso apimentado, verdugo do langor.
Nos quatro cantos... jarros de alegoria!
Duas taças de vinho, inflamando ousadia.
Embriagado... dormitava o pudor...
O pensamento acelerando seu motor
Gerava, com amor, aprazível ventania!
Toda quimera tem uma veste transparente
Que leva os olhos ao ponto convergente
Onde os dedos passarão como andejos!
Bem sabe o verso desvelar toda paixão
Remexendo os escaninhos de um coração
A fim de ativar o kit dos desejos!