UTOPIA
No camarote, a singular figura,
Com seu olhar noturno e o peito arfante,
Inebriava o meu olhar amante,
E me envolvia em sua formosura.
Eu desejei seus beijos com loucura,
E o riso farto, a música sonante
A me embalar a vida a todo instante;
E amar e amar... destarte, sem censura!
Quanta doçura eu vi nos olhos seus;
Na boca rubra, a mais doce magia,
Enfeitiçando os sonhos que eram meus!
Mas tudo não passou de uma utopia,
Que resultou no doloroso adeus
E o fim de minha efêmera alegria.
Aila Brito
(Inspirado no "SONETO" de ÁLVARES DE
AZEVEDO - Confira abaixo)
"SONETO"
Passei ontem a noite junto dela.
Do camarote a divisão se erguia
apenas entre nós - e eu vivia
no doce alento dessa virgem bela...
Tanto amor, tanto fogo se revela
naqueles olhos negros! Só a via!
Música mais do céu, mais harmonia
aspirando nessa alma de donzela!
Como era doce aquele seio arfando!
Nos lábios que sorriso feiticeiro!
Daquelas horas lembro-me chorando!
Mas o que é triste e dói ao mundo inteiro
é sentir todo o seio palpitando...
Cheio de amores! E dormir solteiro!
(Álvares de Azevedo)
* CRÉDITO: FÓRUM DO SONETO
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Excelente interação do poeta SOLANO BRUM.
Grata!
BELOS OLHARES
Ah, quanta doçura havia naquele olhar!
Debruçada a vi no balcão, o busto arfante,
Satisfeita por estar presente, a apreciar
A encenação no palco, da peça empolgante!
E eu ficava olhando seu rosto elegante
E a Deus pedia para dele me enamorar!
Nossos olhares se cruzavam de repente,
E no pensamento, eu os beijava sem parar!
Mas eis que, todo espetáculo tem final...
E deles me perdi, à saída do salão,
Entre o ror e comentários ao ato teatral!
E desde então, aqueles belos olhares
Eu os procuro, iludindo o coração,
Porque todos são iguais entre milhares!